O setor imobiliário brasileiro vem crescendo, mesmo diante de um cenário marcado por poucas certezas. Com taxas de juros atrativas e maior acesso ao crédito, consumidores e investidores voltaram as atenções para o segmento, que ganhou força, gerando impacto em desenvolvimento, renda e emprego.
Apesar dos avanços e das perspectivas positivas, são necessárias condições para acelerar projetos que atendam a essa demanda de mercado. Em 2021, para manter a curva ascendente e favorecer a expansão, o diálogo do poder público e privado é fundamental.
Iniciativas como a da Caixa Econômica que anunciou, este mês, um pacote de melhorias de crédito às empresas do setor, representam um avanço, nesse sentido. Na reunião recente com superintendentes da Caixa e dirigentes do mercado imobiliário baiano, ficou claro como a atuação conjunta de setores público e privado pode trazer benefícios, ainda que frente aos desafios de uma pandemia.
As novidades anunciadas pela instituição financeira incluem a aprovação de limite de crédito, em substituição à aprovação por operação, um novo modelo de avaliação de risco, e redução dos prazos para tramitação de propostas.
Também foram apresentadas a simplificação de análise técnica e documentação de projetos de pequeno porte, e de financiamento de até 100% do custo da obra a executar.
Na prática, o intuito é que isso se concretize em mais celeridade, fluxo de caixa e uma conjuntura que colabore inclusive para que empresas de menor porte possam expandir suas atividades.
Paralelamente, o Ministério da Economia também voltou as atenções para reduzir o custo da burocracia no mercado imobiliário e direcionou um estudo, debatido com entidades representativas da construção civil, com foco em otimizar processos e licenciamentos, incentivando reformas, implantações de edificação, obras e demolições, entre outros serviços.
Para se ter uma ideia, o excesso de trâmites burocráticos para a construção e aquisição da própria casa, no país, pode aumentar em 12% o valor final do imóvel – um custo que chega na ponta, para o consumidor brasileiro –, o que indica uma das principais dificuldades do segmento: reduzir as barreiras sucessivas que travam o avanço das obras.
As medidas da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Economia, portanto, não são apenas necessárias porque estimulam diretamente o setor; elas são urgentes, em um momento estratégico: com a Selic em baixa histórica e os imóveis no centro do desejo aplicado a uma nova lógica de consumo, o mercado imobiliário – que é um dos principais empregadores do país – amplia o potencial indutor de desenvolvimento.
De acordo com levantamento da Brain Inteligência de Mercado, a intenção de compra de imóveis vem crescendo desde abril de 2020. No Nordeste, esse movimento é ainda mais forte. A pesquisa aponta que a região é a única onde mais da metade dos interessados manifestaram intenção real de comprar um imóvel (54% dos entrevistados).
Se as condições permitirem, em um cenário macro de colaboração do poder público, isso significa que teremos um crescimento progressivo, para quem investe no mercado imobiliário e para as pessoas que querem adquirir um imóvel – o que será revertido em dinamismo para a economia local.
Cláudio Cunha
Presidente da ADEMI-BA (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia).